Revolução na cirurgia cardíaca


Se fizesse uma cirurgia cardíaca convencional, dona Sebastiana Mendleta de Colmán, 65 anos, teria 40% de possibilidade de morrer. Diante do alto risco, ela procurou uma equipe médica que tratasse, por cateterismo, seus problemas no coração. Deu certo. O avanço científico alcançado, realizado sob o regulamento experimental, aconteceu no hospital de Assunção, no Paraguai.

Depois de seis meses de planejamento e mais de seis horas e trinta minutos de cirurgia, a idosa voltou a ter um coração batendo em frequência normal. A descoberta da solução que salvou Sebastiana coube ao médico Diego Gaia, cirurgião e professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), que teve a ideia de unir duas tecnologias existentes, criando um novo material e um inédito procedimento cirúrgico, que altera, de maneira revolucionária, a clássica cirurgia.

Os dois materiais que deram origem à inovadora prótese cardíaca, unindo o stent e a válvula transcateter, permitiram algo essencial: a paciente não precisou ter o peito aberto para ser salva. “Foi a primeira vez no mundo que pode ser feito um procedimento como esse, por cateterismo. Para concertar a válvula e a aorta, que é o vaso que saí do coração levando o sangue para os outros órgãos do corpo, tínhamos de abrir o tórax e parar o coração, para poder fazer essa correção e a substituição”, explica Gaia.

O fato de não precisar abrir o peito do doente como numa cirurgia Bentall, a convencional, permite benefícios durante e depois da operação. “Expor o coração, conectar esse órgão a uma maquina que faz a circulação do sangue, enquanto a gente opera, significa uma cirurgia longa, com um corte grande, com tempo de recuperação demorado. Existem aspectos técnicos que até impedem que alguns pacientes possam ser operados”.

O novo método, procedimento batizado de Endobentall, consiste em introduzir, pela artéria femoral, um cateter que viaja pelo corpo até chegar dentro do coração. Depois, o médico implanta a válvula acoplada a um stent, permitindo a resolução de dois males que levam ao óbito. Esses pacientes têm dois problemas concomitantes, uma válvula que não abre, ou seja, uma resistência à saída do sangue do coração, e uma dilatação da aorta, que pode se romper.

Categoria:Geral

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